quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lançamento do livro "Cidadania, Memória e Patrimônio: as dimensões do museu no cenário atual"


É com prazer que anunciamos o lançamento de mais um livro organizado pelos nossos professores/pesquisadores do curso de História da FUNEDI/UEMG.
O livro organizado pelos professores Flávia Lemos Mota de Azevedo, Leandro Pena Catão e João Ricardo Pires, é fruto das reflexões traçadas a partir do Seminário Cidadania, Memória e Patrimônio: as dimensões do museu no cenário atual, e realizado com o apoio do Ministério da Cultural (Minc), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), do Sistema Brasileiro de Museus (SBM) e da Fundação Educacional de Divinópolis (FUNEDI) em conjunto com a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

O livro foi editado pela Editora Crisálida (clique aqui para acessar o site), e já se encontra disponível para venda nas melhores livrarias do mundo real e virtual. Adquira já sua edição! Divulgue esta publicação!

Deixamos aqui, respectivamente, os textos da orelha do livro, e da contracapa, para que aqueles que se interessarem possam se informar mais, e ter um "gostinho" da proposta do livro:

"Reconhecemos a urbanidade como importante característica da cultura contemporânea, ela delimita um espaço de sociabilidade, de compartilhamento de cultura e de práticas simbólicas. As cidades apresentam múltiplas dimensões, como centros de poder, econômico e político, e de difusão cultural e de lazer. Uma cidade, enquanto ser coletivo dotado de “vontade” e “memória”, fabrica para si um repertório de representações e conceitos. A cidade se mostra como um imenso campo de atividades humanas e as construções nada mais são do que a vida se fazendo acontecer. Os espaços vão sendo criados e adaptados a necessidades reais e estão longe serem simplesmente monumentos desprovidos de vida, que se erguem como representação de um período, apesar de o ser também".

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"É possível debater sobre todos os elementos que compõem a construção de um memorial distinguindo, especialmente, os elementos da memória coletiva, oficial e unificadora, e realçando o caráter fecundo, múltiplo e criativo que as identidades podem oferecer para diferentes experiências históricas, sublinhando exatamente a possibilidade de diferentes versões. Na própria estrutura da pesquisa sobre o patrimônio e na organização de acervos museológicos é possível evidenciar, através das diferentes vozes, as diversas facetas daquele passado, organizando outros monumentos, documentos e lugares de memória[i]. Os historiadores culturais utilizam hoje uma vasta tipologia documental, e em larga medida privilegiam as fontes ‘não-oficiais’, que antes não podiam dizer nada sobre o passado, como um importante documento / monumento daquilo que não foi registrado e sublinhado pela ‘memória oficial’, “um vestígio que é, por definição, o indício daquilo que foi irremediavelmente perdido”. [ii]Podemos dizer, portanto, que o debate sobre as dimensões, os papeis dos museus nos conduz a um debate sobre a memória, a identidade, o patrimônio cultural, possibilitando a exposição e divulgação de outras memórias antes omitidas. Uma vez que se promova e valorize a memória de diferentes setores de uma comunidade também se promove o desenvolvimento social. Tal fato pode ser percebido tanto a partir da ampliação dos atores envolvidos, quanto pela promoção de saberes, costumes e tradições antes relegadas ao silêncio. Possibilitar diferentes ações e vozes promove igualmente o desenvolvimento social, uma vez que permite a ampliação dos atores envolvidos".



[i] Tais conceitos são apresentados e discutidos por Pierre Nora no livro Lieux de mémoire e por Jacques Le Goff no livro História e Memória. Os autores destacam a construção dessas noções e sua importância para a sociedade atual, que como em nenhum outro momento da história, tem uma avidez pelo registro e pela comemoração do passado. Tal fato, de acordo com esses autores, justifica-se na aceleração do tempo e da experiência na Modernidade, que levam a um radical distanciamento, senão ruptura, entre o ‘espaço de experiência’ e o ‘horizonte de expectativa’. Esse corte faz com que o passado e presente não forneçam mais inteligibilidade para o futuro, o que não leva a necessariamente a um passadismo, mas a uma necessidade excessiva de registros, arquivos, comemorações, enfim lugares de memória como garantia de não se perder nada; das lacunas da memória passamos a sua obsessão. François Hartog em seu livro Regimes d’historicité, présentisme et expériences du temps, e Paul Ricoeur em La mémoire, l’histoire, l’oubli também discutem as conseqüências de uma memória total.

[ii] ROUSSO, Henry. O arquivo ou o indício de uma falta. p. 05.



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